Um pouco de tudo e tudo o mais......

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16:44

Para um mundo mais criativo!!!

Sempre me questionei sobre as causas de uma certa apaticidade intelectual nas úlimas décadas. Por favor, não me entendam mal, obviamente tem muito material criativo-intelectual sendo produzido, mas eu realmente acredito que existe ainda um maior número de potencial humano sendo disperdiçado em pró da manutenção de uma estrutura científíca, intelectual e educacional fragmentada. 

Como cientista noto na minha rotina o número incalculável de pesquisas sendo geradas diariamente e o grau de especificidade com que os temas são tratados. Inúmeras vezes fico a pensar se essa falta de conexão e diálogo entre as diversas disciplinas principalmente entre as ciências tecnológicas e as ciências humanas  e sociais que deveriam guiar, ditando as diretrizes das primeiras, é realmente um meio produtivo de se fazer ciência.

Da mesma forma, a super valorização do conhecimento técnico pode ser um dos fatores relevantes que causam tantas inconsistências sociais. Abafar a criatividade humana, implica em efeitos maléficos não somente para o indivíduo mas para todo o coletivo social.

Esse vídeo do Ken Robinson trata diretamente dessa questão, e de uma forma muito clara e suave descreve a problemática da estrutura educacional acadêmica e seus resultados na sociedade atual.



11:31

A Minha Palavra é:

Pela primeira vez vou comentar aqui que eu participo de um clube de literatura em português na Holanda. Nesse clube, formado por mulheres maravilhosas e enlouquecidas por livros, emprestamos mutuamente livros além de compartilharmos nossas experiências sobre títulos e autores. O clube se chama Entre Mulheres e Letras e possui um blog:


No meu primeiro encontro peguei emprestado um best seller que eu estava curiosa para ler faz um tempo. Comer, Orar e Amar é o título e a autora chama-se Elizabeth Gilbert. Trata-se de uma empreitada da escritora em busca de si própria em 3 países distintos, Itália, Índia e Indonésia. Eu gostei do livro principalmente pelo fato dela apresentar os conflitos que acredito a maioria dos ocidentais, ainda mais os que seguem o american way of life, vivem quando decidem ir em busca de seu lado espiritual. Acho que o caminho traçado por Gilbert foi muito acertado, procurando incialmente cuidar de uma alma machucada por meio de um prazer mundano como comer, para depois se entregar em uma busca mais aprofundada de seu self.



No entanto, dentre várias informações bacanas que pode-se tirar desse livro eu fiquei com duas em particular, a primeira é sobre a irmã dela ter aprendido a nadar sozinha por meio de um livro chamado: Como aprender a nadar. Minha gente, esse é o ápice do auto-didatismo, aprender a nadar lendo um livro é algo fabuloso...creio que nem o Julio (meu marido), que é um auto-didata de alta categoria conseguiria aprender a nadar sozinho se utilizando apenas de um livro.

A segunda foi a conversa que ela teve com um taxista na Itália, onde ele diz que as cidades assim como as pessoas podem ser definidas por uma palavra, e a autora passa parte do livro tentando descobrir qual seria a sua palavra. Obviamente eu fiquei com isso na cabeça, mas para mim a resposta veio simples, direta e imediatamente.

A minha palavra é Equilíbrio!

Já implícia no meu signo solar (Libra) essa palavra determina todas as minhas opiniões e diretrizes. Praticamente sempre me vejo tentando aplicar o famoso ditado: "Nem tanto ao céu, nem tanto à terra". Não acredito em pensamentos e nem ações extremistas, e apesar de possuir uma postura e discurso por muitas vezes conclusivo e forte, para o observador atento fica claro a flexibilidade de minhas idéias. 

Junto à palavra equílibrio segue sempre a palavra conciliação, para se encontrar o centro da balança é necessário conciliar os vários aspectos da vida. Não que eu seja sempre bem sucessida em aplicar as duas palavras na minha rotina, mas certamente são elas que me guiam e é em busca delas que me esforço diariamente em aprimorar minha forma de viver. Ter isso claro para si próprio, facilita muito a razão pela qual e para qual você faz suas escolhas e certamente auxilia a melhorar as qualidades delas.

Deixo aqui para vocês a mesma dica que a autora deixa sub-entendida no livro, procure a sua palavra e a utilize para compreender melhor qual o caminho que desejas seguir.

18:43

Literatura de Cordel- Será mesmo que para falar de Amor é necessário um português correto?

Ter a língua portuguesa como língua mãe é um privilégio a ser reconhecido, ser natural de um país tão imenso e diversificado quanto o Brasil nem se fale! A interligação entre cultura popular e erudita é estreita e enriquecedora em todos os níveis, desde a música, artes plásticas até a literatura. No final, tudo se mistura e quase não é possível mais distinguir uma arte da outra. Isso faz desse país tão peculiar, um ventre  fértil para qualquer forma de expressão artística, e o resultado é esse fantástico apanhado de obras tão originais e livres em formas e conteúdos.

A cultura popular, muitas vezes proveniente de classes menos favorecidas e com menor acesso à educação, comumente inspira e modifica toda a trajetória do desenvolvimento cultural brasileiro, e é nesse terriório, que acredito, onde a democracia brasileira consegue ser realisticamente bem-sucedida. As manifestações populares acontecem em todas as regiões do país e cedo ou tarde migrarão, se miscigenarão e entrarão sem pedir licença na casa de cada um.

O ponto em questão é que com educação ou sem educação (sem dimunuir a importância essencial do acesso à educação formal para todos), esse povo tão criativo vai encontrar alguma forma de se expressar, e vai gerar material de alta qualidade para o apreciamento dos intelectuais. Dentre tantos, um exemplo tão objetivo é a famosa literatura de cordel, cujas origens remotas européias tiveram uma releitura altamente regional, e tornou-se característica do nordeste brasileiro. Seguindo métricas e modalidades, os temas variam desde o amor passional até a rotina e vida cotidiana dos habitantes daquela região.

A riqueza em quantidade de textos em cordel é gigantesca, e os poetas variam desde bem renomados e reconhecidos até anônimos. Apesar de ter adiquirido o devido respeito entre os estudiosos de literatura e escritores consagrados, arrisco dizer,  que sua popularidade ainda não atingiu em grande escala as classes detentoras do conhecimento intelectual em outras regiões do país. Mesmo com o dinfundido teatro de cordel, com espetáculos frequentes nas agendas culturais paulistas e cariocas, acredito que seja raro achar alguma obra dessa categoria literária na estante de grande parte dos leitores sulistas, ou mesmo de outras regiões.

Essa foi minha principal motivação para escrever esse poste, e assim, trazer alguma forma de acesso fácil à literatura de cordel e outras formas de expressão artística inspiradas nessa forma de literatura. De fato, publico a seguir 2 links com curiosidades e discussões sobre a literatura de cordel. No primeiro, além de informações gerais sobre teatro e literatura cordelista é possivel encontrar alguns erros comuns no pensamento coletivo sobre o que é a literatura de cordel, e o segundo trata-se de uma série de textos diversos falando de cordel:


E após ter mencionado a conexão inevitável entre as diversas artes no Brasil eu não poderia deixar de citar, o agora famoso grupo musical, que mistura maracatu e música regional com toques de pop-rock, cujas letras são baseadas em literatura de cordel, apresentando performance teatral- Cordel do Fogo Encantado.  Abaixo segue, uma animação baseada na recitagem de uma poesia nordestina de carater popular feita pelo grupo no seu primeiro album, ilustrando a referência cordelista na obra dos citados músicos.